A indústria do café atravessa um novo momento no Brasil, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café. Para a instituição, é importante notar o crescimento da procura por produtos premium e de maior qualidade. Dados do sindicato do estado de São Paulo dedicado ao setor mostram, por exemplo, que aumentou nas prateleiras o espaço reservado a produtos de qualidade superior ou gourmet – de 9%, em 2016, para 19%, em 2019.

A crescente opção por café de alta qualidade é justificada pela mudança do perfil do consumidor, que passou a se interessar mais pelas propriedades do produto que leva para casa e está mais disposto a investir na experiência dos sabores. Diante desse cenário, um novo desafio tem sido lançado aos produtores: entregar cafés de alta qualidade também ao mercado interno, sem deixar de lado todos os avanços já alcançados com a industrialização e automação de processos.

É nesse ponto em que a Aperam tem muitas contribuições a fazer. “Temos buscado parcerias no setor para desenvolver, em conjunto, equipamentos em aço inox que atendam às necessidades da indústria e contribuam para o alcance desses novos desafios. O que temos constatado é que essa parceria tem potencial de reduzir custos de produção, aumentar a durabilidade de máquinas e agregar valor ao café”, relata Paulo Alves, engenheiro de Aplicação da Aperam.

Para definir as soluções mais adequadas à indústria do café, a Aperam desenvolveu um produto em conjunto com uma empresa de origem colombiana, que se instalou no Brasil há alguns meses, por meio de uma joint venture, e já iniciou a produção em terras brasileiras.

A vantagem da estratégia é clara: contar com todo o conhecimento e a experiência de profissionais da Colômbia, país conhecido mundialmente pela excelência de seus cafés. “Os colombianos têm imensa expertise no ramo, já utilizam o inox e já conhecem todos seus benefícios. Contar com esse apoio foi essencial para desenvolvermos dois produtos, explica Paulo Alves.

Uma das soluções em inox para a indústria do café

No processo de beneficiamento dos grãos de café (café verde), o primeiro passo é selecionar os grãos de café e separá-los entre “café-bóia”, “cereja” e “verde”, estágios que se referem ao grau de maturação do café e que podem influenciar diretamente na qualidade do produto final. Essa separação ocorre através de um equipamento chamado Lavador de Café, que promove tal separação de acordo com densidade, tamanho e qualidade.

O aço carbono, comumente usado nesse tipo de equipamento, tem maior índice de desgaste – devido abrasão – e de oxidação – uma vez que o sistema utiliza água e, quando parado, a umidade gerada causa corrosão do aço empregado.

“Normalmente, trabalhamos apenas três meses por ano com os lavadores de café. Mas, depois desse curto período, ele fica em um estado que parece ter sido usado por muito mais tempo. E aí o produtor precisa investir em sua manutenção periódica, ou seja, deve sempre lixar e pintar o equipamento a cada entressafra”, comenta o parceiro da Aperam nessa empreitada. Além disso, o equipamento pode sofrer com a corrosão durante os períodos de entressafra, marcados pela alta umidade do ar.

Por todos esses motivos, o inox é uma solução mais duradoura e de menor custo. “Nossa matéria-prima aumenta a vida útil do lavador de café em mais de cinco vezes, além de diminuir a necessidade de manutenção periódica”, enumera Adolfo Vianna, pesquisador da Aperam.

O tanque fermentador é outra novidade

O lavador de café já foi projetado, construído e está sendo testado pelo parceiro da Aperam, que irá comprovar em um projeto piloto os benefícios adicionados ao processo pelo uso do inox através de um TCO (Total Cost of Ownership), que fará a comparação financeira a médio e longo prazo através de todos os custos envolvidos a cada ano. A expectativa é que o aço inox, por necessitar de menos manutenções, ao fim de poucas safras, possa gerar benefício ao cafeicultor, que desembolsará menor montante para manutenção. Mas, além dele, a Aperam também trabalha no desenvolvimento de tanques fermentadores de café.

Técnica ainda pouco utilizada no Brasil, os tanques retiram açúcar contido no entorno do grão de café e que dificulta seu manuseio, por meio da técnica da fermentação. Os grãos de café permanecem nessa estrutura por um período pré-determinado, durante o qual bactérias consomem esse melado. Apesar de mais demorada, a técnica contribui para que o café fique mais saboroso, porque o grão consegue absorver mais açúcar.

No recipiente feito de aço inoxidável, esse processo acontece de forma segura e com toda a assepsia necessária. “Como a produção brasileira é realizada em larga escala, muitas vezes o cafeicultor opta por um processo mais ágil. O que queremos mostrar com o tanque em inox é que dá para fazer esse beneficiamento de forma diferente para agregar ainda mais valor ao café”, avalia Paulo Alves.

Os bons frutos da experiência colombiana
Para esse parceiro da Aperam, a grande diferença entre o café colombiano e o brasileiro começa no volume das safras de cada localidade. Na Colômbia, a produção de café ocorre em menor escala, se comparada com a do Brasil. Com isso, os processos de colheita e manuseio do país caribenho são feitos de forma mais manual, o que garante uma saca com grãos mais selecionados.

Já no Brasil, o alto volume de produção exige processos mais industrializados e automatizados no campo, o que acaba por termos cafés de qualidade inferior no processo em conjunto com cafés de mais alta qualidade (normalmente, este último dedicado a exportação).

“Atualmente, o cafeicultor está na luta para encontrar estratégias que viabilizem a produção dos cafés especiais. Para isso, precisa investir na pós-colheita. Nesse contexto, é essencial que ele deixe de enxergar o café como commodity. Nossa intenção é contribuir para mudar essa mentalidade e introduzir o inox em todas as etapas dos processos, o que significa mais qualidade para o produto final”, completa.

FONTE: http://brasil.aperam.com/blog/agronegocio-a-busca-pelo-cafe-de-qualidade-conta-com-o-inox/